O mito por trás dessa Deusa gata, mansa, é que antes de sua existência, ela era Sekhmet, sua versão leoa e sanguinária. Aliás, o termo mansa para designá-la é relativamente recente, pois antes a deusa era entendida como uma versão de gato selvagem do deserto, não domesticada, conferindo a ela um papel de proteção, dos lares, do Faraó e de suas batalhas.
Hoje em dia costuma-se dizer ambas são consideradas gêmeas, as duas faces de uma mesma moeda.
Os gatos eram muito reverenciados no antigo Egito, eram inclusive mumificados em pirâmides, junto dos governantes. A eles eram conferidos os títulos de protetores - em parte porque faziam a regulação do ambiente onde viviam, exterminando ameaças como roedores e cobras que apareciam em busca dos alimentos estocados, e poderiam ferir ou transmitir doenças.
Sekhmet, deusa leoa, sedenta por sangue, teria sido apaziguada por Thoth, que lhe ofereceu vinho, ao invés de sangue (algumas versões contam que foi leite, outras cerveja). Inebriada pelo vinho, Sekhmet se transforma em Bast, a deusa festiva, alegre e sensual. Mas ainda compreendida como uma gata selvagem.
Períodos mais tarde, houve a associação dessa deusa gata com outras faces da Deusa, conferindo então à Bast, o papel de protetora das mulheres, crianças e famílias e suas casas, além da deusa da alegria e da dança. Fato que foi propiciado também com um aparecimento ou entendimento dos gatos como animais domésticos.
Bast e a conexão com a Lua
Além de filha de Rá, deus Sol, Bast era considerada um de seus olhos, e sua gêmea, o outro. Enquanto o olho sob o aspecto de Sekhmet representava o fogo devorador, o de Bast representava o aspecto regenerador do Sol. E além de se associar ao luminar, por ser filha de Rá, também foi associada à a Lua, no período helênico, por vir do oriente, leste, que é onde tanto Sol quanto a Lua nascem.
Essa conexão com a Lua confere à Bast uma atenção especial ao feminino - especialmente com a cor verde, de seus olhos e também a que representa as terras férteis e com as gestantes e também explica sua conexão à Ártemis, deusa grega.
Sua representação geralmente é feita como forma de gata ou uma híbrida - cabeça de gata e corpo de mulher, e carrega consigo um sistro, um anque ou um papiro. Quando assume sua forma gata, é chamada Bastet.
O culto à Bast sempre foi celebrado com alegria: música, festa, dança e prazer. Seus adoradores costumam balançar um sistro em sua homenagem durante as celebrações da Deusa do Fogo, Lua, do parto, da sexualidade, amor, êxtase, fertilidade, alegria e proteção - aos humanos e animais.
Quanta coisa em uma só! Assim como nós, mulheres.
Celebre a deusa que há em ti!
E se quiser agradar e se conectar com essa deusa, com Bast, busque acender incensos de mirra e bebidas como vinho e leite, velas verdes ou brancas e muita alegria e música.
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