O Mito de Hércules e a Encruzilhada - e o que isso tem a ver com o Tarot
Sabemos que apesar da origem incerta e do alfabeto simbólico que nos guia na leitura do Tarot, encontramos uma série de representações arquetípicas e de mitologias nas suas lâminas.
A despeito das outras teorias ou formas de leitura, hoje vamos falar um pouquinho sobre um mito grego, e como todo mito, sua função histórica é transmitir algum conhecimento, permitindo que acessemos chaves para o entendimento humano através das jornadas dos heróis retratados. Ou seja, um mito é uma narrativa fantástica, que busca explicar a origem das coisas, conceitos, fenômenos e tem caráter simbólico-imagético.
Hoje nós vamos falar de Hércules, e mais precisamente de um acontecimento específico: sua escolha na encruzilhada.
Reza o mito que Hércules, em um período de recolhimento, onde buscava refletir sobre os rumos da sua vida, deparou-se em uma encruzilhada com duas mulheres. As duas prometeram-no felicidade. Mas de maneiras diferentes.
Enquanto uma era bela, porém modesta, madura, talvez até discreta - era a Virtude - a outra, Volúpia, mais jovem, a própria sedução.
Ambas fizeram ofertas de felicidade. Mas enquanto as ofertas da Virtude (Aretê) sinalizavam um caminho difícil, árduo, porém recompensador, com garantias de felicidade duradoura, as ofertas da Volúpia ( Kakia), garantiam um caminho mais fácil, porém de felicidade momentânea.
Após reflexão, Hércules seguiu com Virtude, e assim como postulava Sócrates, seguiu no caminho da realização do seu propósito, coincidindo ao alcance da verdadeira felicidade. Sua vida não foi fácil. Percorreu toda uma jornada, repleta de desafios, erros e acertos. Enfrentou os doze trabalhos de Hércules. Mas foi feliz. Teve reconhecimento e recompensas. Alcançou a redenção.
A escolha de Hércules nos sinaliza que é chegada uma hora que precisamos escolher para onde nossa felicidade aponta, o quão estamos dispostos a nos sacrificar em prol dela e o que realmente nos importa. Nesse momento algo é deixado para trás. Kakia ficou para trás. Precisamos escolher.
Precisamos escolher assim como o jovem em O Enamorado. Viver um grande amor pode ser um grande projeto de vida. Mas tudo deve ser avaliado. É preciso olhar para os lados, para as opções que se apresentam. Para o futuro que se quer construir e está à frente, e não menos importante: olhar para trás, porque certas escolhas são irreversíveis. E dali em diante tudo há de ser novo. Mesmo que a seta da paixão tenha sido disparada. Aqui a figura do Cupido, Eros, que não está presente no mito de Hércules, reforça que nem sempre as escolhas precisam ser frias e racionais. Pelo contrário, muitas vezes são guiadas pela paixão infundida de maneira quase inexplicável.
É possível que no meio do caminho você reprograme o GPS, vire à direita ou esquerda. Mas nunca mais aquela encruzilhada será a mesma.
Essas escolhas podem marcar o início da vida adulta. Enquanto crianças seguimos sem autonomia. Escolhas são feitas pelos pequenos. Mas há um momento decisivo, que uma vez alcançado, não voltará mais. A menos que você seja Benjamin Button.
Momentos em que é inevitável olhar para o passado. Mas com o olhar planejador, para o futuro. Aquele último olhar. Aquele que te relembra o porquê dessa decisão. Aquele que busca imprimir na memória todas as boas lembranças antes da partida.
E é nesse momento que o Enamorado aparece. E emana sua energia numa tiragem. Que você seja sábio. E escolha aquilo que satisfaz o seu coração.
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Bjs da Ju 😘
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