Hécate - DeusaTríplice |
Hécate - A Deusa das Encruzilhadas
A deusa que chamamos dos caminhos, das encruzilhadas, nem sempre foi conhecida assim. Originalmente deusa do parto, das terras selvagens, com o passar do tempo foi sendo associada à Lua, e por consequência ao submundo, caminhos e encruzilhada, adquirindo características da triplicidade.
Nos registros mais antigos, Hécate era representada apenas com uma face, e era entendida como uma deusa ligada ao nascimento.
Filha de titãs, foi criada por Perséfone no submundo e teve tanto prestígio, que após a guerra entre os titãs e os deuses olimpianos, Zeus concedeu a ela poder sobre os três mundos: oceanos e mares, de Poseidon, o submundo de Hades e céus e terras do próprio Zeus, que concedeu a ela o poder de conceder ou não os desejos dos humanos que a cultuavam e ofereciam tributos. E apesar do seu poder imenso, a deusa não dominava nenhum, mas sim transitava entre eles mostrando as direções. O que talvez justifique não possuir um mito próprio, aparecendo em outras histórias e, fazendo um paralelo com o mundo contemporâneo, onde muitas histórias, que são protagonizadas pelos homens, todos poderosos, tem uma mulher fazendo o esteio.
Sua Representação
Normalmente é representada na sua forma tríplice lunar, com três cabeças ou três faces em um corpo, representando as três fases da Lua: a virgem, a mãe e a anciã. Suas três faces permitiam-na um amplo alcance de visão, permitindo à deusa olhar o passado, presente e futuro e conferia auxílio à Perséfone no julgamento dos mortos. Nas suas mãos, Hécate carregava tochas e tinha serpentes em seu pescoço. Na sua cabeça a tiara do crescente lunar.
Era a deusa dos marinheiros e viajantes, que pediam proteção em suas travessias. Hécate por ora aparecia com sua matilha de lobos e ovelhas negras, espalhando o terror noturno a quem não era seu protegido. Porém, para aqueles que a invocavam, concedia prosperidade e proteção, oratória e vitórias em combates.
Seus Poderes
Com seu livre acesso entre os mundos, passou a ser conhecida por atuar nesses portais, bem como em cemitérios e encruzilhadas e passou a ser associada também ao que se costumava chamar magia negra, visto que seus rituais eram praticados sob a luz do luar, o que sempre despertou temor por parte dos viventes. Quem de nós nunca teve medo do escuro, daquilo onde só se vê a penumbra, e qualquer estalo arrepia?
No entanto, o poder dessa deusa confere um alcance muito maior do que o poder de destruição a que geralmente se associa o uso da expressão: o poder de, conhecendo o passado e identificar o presente, poder alterar o futuro, assim como nós buscamos fazer ao procurar a ajuda das cartas.
Com suas tochas, iluminava novas possibilidades de caminho para aqueles que estavam perdidos nas estradas e caminhos da noite - seja a noite uma figura para período do dia, seja para o inconsciente.
Ao apontar novos caminhos, podia intervir na roca das moíras, onde eram tecidos os fios do destino de nós, humanos. Alterando o curso de vida dos homens. Assim como podemos fazer ao consultar os oráculos, não é mesmo? De que adiantaria esse acesso, essa permissão, se nada pudesse ser feito.
Falando assim, pode parecer fácil, mas nem sempre estamos dispostos a enxergar os fatos geradores e alterarmos nossa rota ou plano de vôo, por assim dizer.
Sua sabedoria reside em todos os aspectos do feminino, que são personificados nessa deusa: o poder e fúria da natureza, o acalanto, o abraço - ainda que uma tradução possível para seu nome seja “a distante”, a outra é a “toda poderosa”.
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