Cláudia Tiedemann e sua Temperança |
Que Dark é cheia de conteúdo simbólico, hermético talvez você já saiba, mas hoje eu quero falar de uma personagem e sua associação com o Tarot: Claudia Tiedemann e a Temperança.
Na trama, Cláudia é uma executiva, responsável pelo funcionamento da usina nuclear de Winden, que em dado momento some, deixando para trás sua filha Regina.
Entre vários outros detalhes da história - se você não viu, veja a série - Cláudia toma ciência de um fenômeno que está acontecendo na cidade e procura achar a solução para evitar o pior: o apocalipse. E para tal, se encarrega de participar de viagens no tempo, se associando ora com o lado "trevoso" das forças, que quer acabar com esse ciclo repetitivo de vez, ora pelo lado de" luz", que deseja manter esse ciclo infindável, repetindo as "mesmas" histórias ao longo do tempo.
Claudia observa que por um motivo ou outro, na história - e em ambos os mundos (veja a série, por favor, se não está acompanhando as referências) sua filha Regina sempre parece. E isso é tudo o que uma mãe não deseja para seus filhos, não é mesmo? Imbuída de amor acima de qualquer outro propósito, Cláudia, mulher brilhante (não à toa era a grande diretora da usina) percebe que nenhum dos dois caminhos eram a "salvação", mas que devia haver um outro, onde pudesse evitar a catástrofe e assim "salvar" sua filha da doença fatal que a acometera em todos os outros ciclos, independente do mundo em que estivesse sendo observada.
O caminho que Cláudia propõe a Adam e Eva, representantes das forças das sombras e da luz em Dark, é o caminho do meio - assim como a nossa Temperança.
O Anjo da Temperança
O anjo da Temperança é movido por amor, assim como a nossa personagem; um amor puro e genuíno, nos ensina que o veneno e o antídoto frequentemente estão na mesma equação. Ele segura os dois jarros, um azul e um vermelho - será uma alegoria para os olhos de Cláudia, que possuía heterocromia? - e verte seu conteúdo incansavelmente, de uma lado para o outro, temperando por assim dizer, buscando um estado de equilíbrio, ou o caminho do meio. "Nem tanto ao mar, nem tanto à Terra; nem só luz nem só sombra; nem só Adam, nem só Eva".
A Temperança age sem pressa, porque ela sabe que para tudo há um momento certo. Assim como Cláudia sabia, depois de algum tempo, o momento exato em que deveria ser feita a intervenção na malha do espaço-tempo. Leva tempo para aprender isso. Muito se erra antes de começar a acertar.
Como anjo divino, que toca o chão em determinado momento, mas sabemos que não pertence à essa esfera, Cláudia no final de Dark também não aparece. O que será que houve? Muito provavelmente, com o fechamento da passagem, com a correção da trajetória temporal, Cláudia encerrou também a possibilidade de "acompanhar" a sua filha. Talvez tenha voltado para os "céus" assim como faz a Temperança, uma vez que findou sua ação em determinada tarefa. Talvez Cláudia seja apenas uma lembrança para Regina, que nunca saberá o que de fato houve com sua mãe… ou não. Nunca saberemos. Sabemos somente que a história de Dark, para além de tudo e uma história sobre perdas, amores, caminhos… e que valoriza a interseção do caminho do meio.
A Temperança, fala sobre os momentos de reconciliação - de todas as esferas possíveis. É um momento marcado pela reflexão e equilíbrio. E sugere a ação do divino - aquilo que não podemos explicar, que não podemos tocar, que não podemos ver. A Temperança sabe o gosto do vinho e da água, mas entende que o melhor é o equilíbrio entre os dois. Não é fácil ceder, abrir mão. Mas é necessário.
Dentro de nós habitam nossa luz e nossa sombra. Quase que num ballet, as duas dançam. Ora se sobressai uma, ora outra. E somente a intervenção da Temperança para apaziguar os ânimos e dizer: "olha, tá tudo bem. Ajusta daqui, ajusta dali. Opa! Cabe todo mundo!" Yin e Yang. O processo não é fácil, tampouco rápido. Mas é possível. Quando estiver tudo em ordem, o anjo da Temperança se vai, e o que ele deixa é uma lembrança de tempos passados.
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Bjs da Ju
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